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Sabe-se, hoje, que o alcoolismo é um grave problema existente na maioria dos países. Estima-se que entre 10 a 15% da população mundial é alcoólatra nos Níveis 5, 6 e 7, e que um número superior a 80% da população mundial de adultos ingere bebidas alcoólicas.

Hoje, sabe-se também que o uso moderado do álcool é benéfico à saúde. Estudos feitos por pesquisadores da faculdade de medicina de Harvard concluíram que o álcool, em pequenas doses diárias, reduz em até 79% os riscos de infarto, além de prevenir outras doenças. A dose diária ideal é de 30 gramas de álcool, o equivalente a duas doses de uísque, ou dois copos de vinho, ou duas latinhas de cerveja.

No entanto, quando se trata das causas do alcoolismo, sabe-se pouco. Teoria como a do gene do alcoolismo que está presente no fígado do indivíduo filho de alcoólatra, não teve sustentação por não ter bases realmente científicas. Outra, como a predisposição genética é aparentemente válida, já que herdamos de nossos pais quase tudo o que eles experimentaram e fizeram; se não herdássemos, não evoluiríamos. Contudo, tais teorias genéticas são apenas teorias, nada de prático ou comprovável pôde ser verificado ainda. Uma coisa é certa: bebemos para aliviar as tensões do dia a dia, para ficarmos mais sociáveis, mais corajosos, mais afáveis, mais desembaraçados; enfim bebemos por causa dos Ganhos Secundários que o álcool promove.

Teorias à parte, os alcoólatras continuam morrendo, muitos ainda jovens, devido às doenças provenientes do abuso do álcool, como cirrose, diabetes, pancreatite, infarto; sem citar os acidentes provocados por pessoas alcoolizadas. Os resultados positivos no tratamento do alcoólatra na psicologia, nos Alcoólicos Anônimos e na psiquiatria são ainda irrisórios se comparados ao universo de alcoólatras.

Presumo que a tendência será, cada vez mais, de aumentar o número de alcoólatras, já que o álcool é um desinibidor social, sedativo quando ingerido em certas doses e, acima de tudo, bom para baixar o nível de estresse. E o estresse é cada vez maior na medida em que evoluimos e nos sofisticamos mais e nos afastamos cada vez mais de um mundo natural.

Pela minha experiência de consultório no tratamento de alcoólatras, bem como pelo acompanhamento, observação e estudo do alcoolismo, pude observar dois fatores extremamente importantes no tratamento de alcoólicos: primeiro, existe um caminho a ser percorrido para que um indivíduo se torne alcoólatra; este caminho são as sete Etapas ou Níveis de Alcoolismo. Segunda, só existe predisposição e motivação para mudança de comportamento em relação ao vício, se houver, por parte do indivíduo, a tomada de consciência do nível de alcoolismo em que ele se encontra. E este Teste promove, inconscientemente, uma conscientização, já que o sujeito, ao fazê-lo, irá se enquadrar em um dos sete Níveis.

Desde 1990 venho acompanhando, e fazendo o enquadramento de indivíduos nas Etapas de Alcoolismo. A partir de 1998 desenvolvi o Teste de Conscientização do Nível de Alcoolismo, pelo qual as pessoas que ingerem álcool se enquadram. No instante em que o indivíduo, por si só, se enquadra em um Nível de Alcoolismo, ele simplesmente passa a ter consciência do nível ou grau em que ele se encontra. Os resultados são impressionantes; muitas pessoas, ao terem consciência do nível de alcoolismo em que se encontram, passam a se comportar diferentemente em relação ao vício do álcool. Ao fazerem o Teste passam a ter consciência e começam a pensar em mudanças.

O Teste é científico na medida em que baseia-se em fatos comprovados na prática, e não de pressupostos teóricos. Ele será, com certeza, uma ferramenta de grande valia ao alcoólico, pois servirá de parâmetro para avaliação pelo próprio indivíduo do seu grau de alcoolismo. Para o médico será uma importante ferramenta, pois antes deste Teste, o indivíduo que ingere álcool era enquadrado em apenas duas categorias ou Níveis de alcoolismo: bebedor social ou alcoólatra... e não são apenas duas as Categorias ou Níveis de Alcoolismo.

O alcoólatra que se encontra no Nível 5 em diante começou a beber para ter os ganhos secundários... Porque tem problemas, mas, hoje, tem mais problemas porque bebe em excesso. Essa é resposta para aquela antiga pergunta: "O alcoólatra, que se encontra no Nível 5 em diante, bebe porque tem problemas ou tem problemas porque bebe?"

Coisas que nunca devem ser ditas ao alcoólatra que se encontra no Nível 5 em diante:
Nunca sugira a ele ir aos AA. A melhor maneira é solicitar aos AA que envie pessoas capazes que farão a aproximação e o convite.
Perguntar a um alcoólatra: "Por que você bebe?" só o levará a arranjar desculpas conscientes do tipo: "Bebo porque é líquido, pois se fosse sólido eu comia" ou "Bebo porque tenho muitos problemas" No entanto, se você perguntar a um alcoólatra: "O que você faria se não bebesse?", ele ficará parado e calado; não saberá responder e dará desculpas conscientes, pois não sabe realmente porque bebe. Você estará perguntando ao inconsciente dele.

Se o alcoólatra fizer a si mesmo a seguinte pergunta: "O que eu faria se não bebesse?", várias vezes por dia, durante alguns meses, com certeza haverá mudança em seu comportamento em relação ao vício do álcool. A pergunta começa a surtir efeito já a partir dos primeiros vinte dias; seu inconsciente o levará a fazer coisas que ele não fazia quando estava bebendo.

Itamar Moreira